DoutrinaTradição x Modernismo

Mistério Pascal e o espírito do Concílio Vaticano II: Uma réplica à noção dilatada sobre o Mistério de Redenção

Francisco Inácio (@societassanctitatis)

Introdução ao caro leitor

O presente artigo foi elaborado a partir de uma resposta a um argumento de caráter “católico continuísta” referente à natureza do Sacrifício da Missa e a Redenção que Nosso Senhor realizou sobre a Cruz. Minha resposta sobre este tema não pretende abordar todas as críticas possíveis que se possam fazer acerca da missa nova, e tampouco realizar um aprofundamento sobre todos os aspectos da doutrina do Mistério Pascal. Pretendo tão somente aclarar o ponto em questão, ou seja: de que a natureza do Santo Sacrifício, mistério de Redenção, não engloba a Ressureição, e que esta é como uma consequência distinta do Sacrifício Redentor.

Contextualizarei brevemente a questão: em uma conversa, deparei-me com um texto sobre a Santa Missa que mencionava o seguinte:

“A Missa é o Calvário? Sim, mas esta é uma verdade incompleta: é o Calvário unido ao antes da Ceia ou do convívio íntimo com Cristo, e ao depois ou à Ressureição e envio do Espírito”.

O meu objetor afirmava que o texto, em seu conteúdo integral, agradava a tradicionalistas,

continuístas, sedevacantistas, etc., pela sua – segundo ele – abrangência doutrinal, que seria universal e aceita por todos.

“Não abrange!”, pensei comigo. Prontamente pedi ao meu objetor que me apontasse, no Magistério anterior ao Concílio Vaticano II, alguma definição da Santa Missa que se enquadrasse na definição exposta por ele.

Após afirmar que “associar ressureição ao centro da missa não é modernismo, e nem invenção da Igreja moderna; deriva antes dos Padres da Igreja e da Sagrada Escritura. Essa afirmação está presente no rito de São Tiago, posteriormente no rito de São João Crisóstomo e até mesmo no rito Romano (pré Novus Ordo), em etapas diferentes, indicando-o como parte da própria missa”, o rapaz prosseguiu citando a seguinte oração da liturgia pré-Novus Ordo: “Que Cristo, que se ofereceu para nossa salvação e nos ordenou comemorar sua morte e ressureição”; e encerrou afirmando que “essa ênfase (na Ressureição) pode ter crescido modernamente no ocidente, mas é possível e por provável influência da Tradição Oriental, e que não deixa de ser menos católica por ser oriental”.

Réplica ao argumento

Dado a exposição da questão, apresento a seguir a minha breve resposta aos argumentos apresentados.

Convém, antes de tudo, fazer memória de que a Sagrada Escritura, os escritos dos santos e doutores, as orações diversas da Igreja, etc., por vezes referem-se à missa por alguns aspectos distintos, ou seja, como sacrifício, banquete, memorial, ação de graças, presença, etc., realidades que até o novo catecismo admite, e que, não raro, as mesmas orações e escritos, ao mencionar estes ângulos distintos de se referir à missa, não se utilizam de precisão terminológica, e, por vezes, se restringem a nos apresentar definições descritivas (não essenciais) ou até mesmo se utilizando de analogias. Tendo isso em vista, coube ao Sagrado Magistério precisar a natureza do Santo Sacrifício da Missa. O meu opositor recorreu à liturgia oriental para encontrar algumas orações presentes na Sagrada Liturgia que mencionassem o termo ressureição, citando-as como argumento. Porém, não seria necessário ir tão longe, uma vez que a menção à ressureição aparece em outros momentos da liturgia ocidental; como por exemplo, na oração à Santíssima Trindade rezada pelo sacerdote após o              Lavabo:

“Recebei, ó Trindade Santíssima, esta oblação que vos oferecemos em memória da Paixão, Ressureição e Ascenção de Nosso Senhor Jesus Cristo, e em honra da bem-aventurada e sempre Virgem Maria, […]”[1].

Sucede, no entanto, que tais orações não pretendem definir a natureza do Sacrifício da Missa, e se o fizessem, pecariam por imprecisão terminológica, afinal, o termo “memória de sua ressureição” abre margem para inúmeras interpretações (tais como a inversão da noção de sacrifício pelos modernistas. Para estes, a missa é sacrifício porque é sua recordação), além de não mencionar o aspecto essencial da missa, que é o de Sacrifício.

Para que fique mais claro, poderíamos tomar o exemplo da oração de Natal do missal de 1962:

Secreta – “Nós Vos suplicamos, Senhor, que as nossas ofertas sejam dignas dos Mistérios da Natividade que hoje celebramos, e nos infundam uma paz perpétua, para que, assim como Aquele que nasceu homem brilhou como Deus, também estes dons terrenos nos comuniquem o que é divino. Pelo mesmo J. C.”[2];  ou ainda, na Pós-Comunhão:

“Fazei, Senhor, que por este Sacramento nos conforte a renovação do Natal d’Aquele cujo nascimento singular restaurou a fragilidade do homem velho. Pelo mesmo J. C.[3]“.

Com as orações acima, ousaríamos dizer que a missa, em sua essência, seria a renovação do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo? Creio que além de claramente não o ser, tal afirmação feriria até mesmo o senso comum de qualquer fiel medianamente formado.

Introdução de um novo conceito

Devemos, porém, investigar a causa da afirmação do meu objetor, e, pelo bem da verdade, esclarecer o motivo da minha crítica, ou seja, de que tal afirmação é errônea, e mesmo concedendo a utilização de tal afirmação em algum momento (o que é bem difícil), convém que ao menos lhe seja acompanhada sempre um esclarecimento, para que não se confundam os intelectos e a Fé não se escorra por entre os vasos rachados de nossa razão.

Sucede que a Santa Missa é a renovação do Sacrifício Redentor realizado na Cruz por Nosso Senhor Jesus Cristo; e a renovação deste Santo Sacrifício, realizada pela Igreja, está intimamente ligada com o tema da Redenção; razão pela qual, se não compreendemos o que foi o Sacrifício Redentor de Nosso Senhor, também não compreenderemos o Sacrifício da Missa.

A afirmação em questão, dita pela boca até mesmo de católicos bem formados e bem intencionados – porém, não perplexos -, encontra sua causa primeira na mente de teólogos inovadores, que arquitetaram conscientemente a introjeção de uma nova noção sobre o Mistério de Redenção, noção essa que obteve o nome de “Mistério Pascal”. Trata-se de uma doutrina totalmente nova, que busca recuperar a unidade do mistério da Redenção que, segundo eles, foi perdido pelo período escolástico e pela “Igreja Tridentina”[4].

Convém salientar antecipadamente que os documentos conciliares e pós-conciliares, de modo geral, utilizam o termo “Mistério Pascal”, sem, no entanto, definir com exatidão o que é o “Mistério Pascal”; informam a sua importância[5], mas não manifestam claramente o seu conteúdo. Assim, cabe a nós o trabalho de recorrer aos elaboradores desta nova noção teológica, que influenciaram a confecção dos documentos do Concílio, para compreender com exatidão a sua noção[6]. Recomendamos que verifiquem, na ordem exposta, todas as notas de rodapé que seguirão as afirmações aqui apresentadas.

O mentor mais influente para o desenvolvimento dessa doutrina – influência reconhecida por todos os iniciados na nova doutrina do “Mistério Pascal” -, foi Odo Casel (1886-1948), monge beneditino de María Laach[7]. Casel julgou ter redescoberto a noção de “Mistério”[8], que, para ele, se identificaria com Deus mesmo. O mistério de Cristo é – para essa doutrina – a Pessoa de Cristo em união com sua obra Salvadora em todas as suas fases[9] (mais à frente, veremos a intenção de tal afirmação). A noção de “Mistério”, para essa teologia, está intimamente relacionada com a noção de “Presença”, e esta, com a noção de “Memória” (aqui já se nota o paralelo com o luteranismo). Para que as gerações de cristãos participem da Obra Salvadora de Cristo, esta obra deve tornar-se presente de algum modo, e o “Mistério” pretende explicar essa presença. Cinco noções necessitam de especial atenção para a compreensão dessa doutrina: Mistério, Presença e Memória, como elementos de uma nova noção de sacramento, e Páscoa e Sacrifício (como nova noção de Eucaristia). O novo modo de participação do cristão na obra salvífica de Cristo está expressa de modo genérico pela noção de “Mistério” (nova noção de sacramento), e qualificada pelo adjetivo “Pascal” (nova noção de Eucaristia).

O Mistério é, dentre as acepções possíveis, primeiramente Deus em Si mesmo. E após a Encarnação do Verbo, Cristo torna-se, para nós, o “Mistério” primeiro, juntamente de seus atos. Como todos os atos de Cristo se ordenam à nossa Salvação, compõem-se como um único “Mistério”. Cada sacramento é uma nova forma de mistério, e a Salvação – que deve alcançar a humanidade inteira, segundo Casel – é manifestada por meio do culto da Igreja, com o “Mistério Cultual”. Casel define o Mistério Cultual como “a presença do ato Salvador de Cristo debaixo do véu dos símbolos”. O monge Beneditino expõe, com grande ambiguidade, que o “Mistério do Culto” e o “Mistério de Cristo” são a reapresentação cultual, ao modo de ser sacramental, do mistério primeiro de Cristo (diferenciando apenas em modo de ser, e não de essência). Sucede, no entanto, que tal ambiguidade levantou a hipótese de que sua tese sustentaria uma noção de retorno histórico ao mesmo ato salvífico, e Casel rechaça tal compreensão. Segundo ele, toda a doutrina dos mistérios está impregnada com a noção de “signo-realidade”, e a escolástica – inclusive Santo Tomás de Aquino – reduz essa relação signo-realidade para uma noção de causa-efeito, tendendo a cair em um “puro ritualismo”. Casel critica a influência de Aristóteles na noção de sacramento de Santo Tomás, que havia compreendido como causa instrumental, dizendo que a noção clássica do mistério era antes concebida ao modo Platônico do conceito de “imagem”[10]. A presença, segundo ele, seria um novo modo de Presença Real do exemplar[11]. Ao definir “Sacramento”, Casel enfatiza a noção de recordação através da noção de signo. A celebração é uma ação, e é precisamente na ação que se realiza a recordação[12]. No mistério, para o beneditino, se produz a revelação de Deus ao homem, já que o Logos ou Verbo de Deus se faz presente de um modo adequado ao homem, ou seja, sob a forma de símbolos sensíveis. Pelo mistério, o homem pode ter um conhecimento experimental, um contato vivo com Deus, que Casel contrapõe ao conhecimento abstrato em que o filósofo pode alcançar da Divindade[13] (nota-se a típica afirmação modernista, já condenada pelo Magistério da Igreja. Ademais, se trata de uma afirmação comum entre modernistas e perenialistas). A Santa Missa, para Casel, é “Sacrifício” porque é um memorial objetivo que faz presente a morte de Cristo. Atenção: é Sacrifício porque é recordação. O caráter memorial da missa salvaguarda a unidade do Sacrifício do Gólgota: “A missa não é um sacrifício de natureza especial, senão que é idêntico ao Sacrifício da Cruz, posto que é a sua recordação. Seu caráter de Sacrifício reside, por conseguinte, neste caráter de recordação. É sacrifício essencialmente enquanto é recordação”[14]. O beneditino creu ter encontrado uma profunda analogia entre o culto cristão e o culto helenista pagão (assunto em que também não adentraremos aqui).

Tal doutrina gerou inúmeras controvérsias entre os teólogos de sua época, e, sem citar nomes,

o Papa Pio XII, de imperecível memória, parece tê-la condenado em sua encíclica sobre a liturgia, Mediator Dei, de 1947. Diz ela o seguinte: “Assim o ano litúrgico, que a piedade da Igreja alimenta e acompanha, não é uma fria e inerte representação de fatos que pertencem ao passado, ou uma simples e nua evocação da realidade de outros tempos. É, antes, o próprio Cristo, que vive sempre na sua Igreja e que prossegue o caminho de imensa misericórdia por ele iniciado, piedosamente, nesta vida mortal, quando passou fazendo o bem com o fim de colocar as almas humanas em contato com os seus mistérios e fazê-las viver por eles, mistérios que estão perenemente presentes e operantes, não de modo incerto e nebuloso, de que falam alguns escritores recentes, mas porque, como nos ensina a doutrina católica e segundo a sentença dos doutores da Igreja, são exemplos ilustres de perfeição cristã e fonte de graça divina pelos méritos e intercessão do Redentor; e porque perduram em nós no seu efeito, sendo cada um deles, de modo consentâneo à própria índole, a causa da nossa salvação.”

A noção de mistério de Casel foi de capital influência para os neoteólogos que influenciaram o Concílio. O triunfo aparentemente definitivo se deu com a adoção do conceito “Mistério Pascal” como chave doutrinal nos textos conciliares[15].

Cabe, finalmente, fazer um apontamento ao modo de an passant: a encíclica Mediator Dei distingue as diversas presenças de Cristo na Liturgia e nos atos de salvação em geral, e Casel, opostamente a isso, explica certas noções novas sobre esses pontos, particularmente sobre o conceito de Sacramento. Essa noção pretende ser mais abrangente, distintamente à doutrina tradicional, que compreende o termo somente com relação aos sete sacramentos. Para os modernistas, sobretudo para Schillebeeckx, a noção de sacramento enquanto signo reapresentans (re-apresenta) se estenderia para a noção de Cristo mesmo e da Igreja. Ou seja: é uma noção que consegue ir além da compreensão dos modernistas que o antecederam. Sobre essa ideia, J-H explica brevemente que “a noção de sacramento, antes de precisamente designar os setes ritos santificadores da Igreja, era o equivalente do mysterion grego. De um modo geral, designa uma realidade visível, que pertence por si mesmo ao mundo da experiência, mas que re-apresenta (faz presente) para o homem as realidades sobrenaturais (…). Portanto, todo sacramento (com a noção dilatada) é símbolo eficaz do dom de Deus”[16]. Para Vagaggini[17], essa ideia está claramente compreendida nos documentos pós-conciliares, sobretudo na passagem da Constituição Dogmática Lumen Gentium: “Porque a Igreja é em Cristo como um sacramento, ou seja, signo e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano”. Uma outra noção “redescoberta” pelos neoteólogos é a do Kyrios: para eles, a palavra “Senhor” perdeu o sentido “originário” que havia recebido. Em outros termos, a palavra “Senhor”, na escolástica, acentuava a vida e a Paixão de Nosso Senhor, enquanto o Kyrios grego “é Cristo no estado alcançado após a ressureição e ascensão aos céus; é o Senhor após a páscoa”[18]. O Mistério Pascal, então, nos devolveria a presença transcendente do Cristo glorioso.

O Mistério Pascal é uma nova atitude teológica que quer retificar a teologia escolástica, que, segundo os modernistas, reduz o mistério Divino a conceitos de nossa mente. Segundo eles, o mistério é tão misterioso que não pode ser definido (traço característico do modernista é a aversão às definições. Tal prática já foi condenada na Pascendi de São Pio X)[19]. Sentimentais que são, os modernistas não querem definir o mistério, mas senti-lo (aliás, como bem pontua o professor Carlos Nougué, ainda está para se fazer um estudo sério sobre o elo entre modernismo e perenialismo). Para essa doutrina, a Páscoa é a festa das festas[20], que celebra a totalidade do mistério da Redenção[21] (tristemente, o temerário sensus fidei pós-conciliar já possui essa noção em seu mote, afinal, as palmas e o Cristo ressurreto são traços característicos de nossas paróquias). Tal noção, não concebida anteriormente, como veremos, foi antes arquitetada por neoteólogos iniciados nessa nova doutrina, e introjetada no Concílio, sob a fenda de uma hierarquia otimista e desatenta, ainda que, não raro, com resistências e embates entre ambos os lados, isto é, entre a hierarquia e os teólogos[22]; em busca da primavera conciliar, buscar-se-á a síntese entre os entendimentos[23], não com a intenção de impor a doutrina, mas de apresentá-la (apresentar a doutrina de sempre (?)) sob uma linguagem mais apetecível ao homem moderno[24].

É bem verdade que o termo “Mistério Pascal” já foi utilizado anteriormente na Tradição da Igreja, e até mesmo na liturgia, mas não com essa nova conotação[25]. A utilização, no entanto, deste termo tem como função precípua a síntese essencial em todo o mistério Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, trata-se do uso de um termo pouco utilizado, com determinada conotação, que passa a ser utilizado com bastante frequência, e com conotação distinta e nova, tornando-se algo essencial no empenho conciliar e pós-conciliar[26], dando forma essencial a todo espírito litúrgico que o segue.

A principal e essencial novidade que esse novo termo apresenta é a de síntese no mistério da  Redenção de Nosso Senhor. Para a doutrina tradicional, o mistério da Redenção cumpre-se na Cruz, e a ressureição de Cristo é um paradigma/modelo de como será a nossa ressureição. Nossa ressureição não foi assegurada pela ressureição de Cristo, mas pela Sua paixão e morte na Cruz. No mistério da Paixão, Morte e Ressureição há uma divisão como que de causa e efeito, e, no entanto, essa nova noção teológica tem como finalidade retirar esta divisão, fazendo um elo essencial entre paixão, morte e ressureição como sendo realidades integrais do mistério de Redenção[27]. O que caracteriza o Mistério Pascal é o vínculo essencial entre vida, morte, paixão e ressureição. Faz-se necessário também mencionar que para estes neoteólogos há uma contraposição na noção da doutrina da Redenção com relação ao seu fim, que já não é mais compreendida como uma quitação que Cristo realizou em nosso lugar[28]. Assim, essa nova acepção não vê mais a obra Redentora como uma exigência da justiça Divina, mas como uma obra de amor e misericórdia[29].

Sucede que a Santa Missa é a renovação do Sacrifício Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo, e uma vez que essa nova doutrina busca englobar a ressureição de Nosso Senhor na noção de Redenção, o Sacrifício da missa também sofrerá essa acentuação na ressureição de Cristo.

Da claridade do Magistério Autêntico

Sobre a obra Redentora de Nosso Senhor, é necessário esclarecer que, dado o caráter de desenvolvimento orgânico da compreensão doutrinal, os teólogos e o próprio Magistério se viram forçados a utilizar o termo analógico próprio “satisfação” para se referir ao que a Sagrada Escritura dizia, ao modo de analogia imprópria ao termo “Redenção”, ou seja, o resgate por meio do pagamento de certo preço. O primeiro a inaugurar este termo foi Santo Anselmo, em sua obra Cur Homo Deus (1098)[30]. Com toda a influência na escolástica posterior, além da precisão e definição infalível pelo Concílio de Trento, Santo Tomás de Aquino irá precisar sinteticamente, baseando-se na Tradição e na Sagra Escritura, que a Redenção se realizou em torno de cinco noções[31]: ao modo de mérito, satisfação, sacrifício, libertação do pecado e eficiência; as três primeiras dizem respeito à Redenção em si mesma, enquanto as duas últimas são com relação ao efeito causado.

E ainda, lê-se na Haurietis Aquas, de Pio XII:

“Com efeito, o mistério da Divina Redenção é, antes de tudo e pela sua própria natureza, um mistério de amor: isto é, um mistério de amor justo da parte de Cristo para com seu Pai celeste, a quem o Sacrifício da Cruz, oferecido com coração amante e obediente, apresenta uma satisfação superabundante e infinita pelos pecados do gênero humano: Cristo, sofrendo por caridade e obediência, ofereceu à Deus alguma coisa de valor maior do que o exigia a compensação por todas as ofensas feitas a Deus pelo gênero humano”.

Sabendo que estes equívocos estavam para aflorar-se, se não lhes fossem censurados, o Magistério buscou precisar, no esquema preparatório para o Concílio Vaticano II – posto de lado “de uma hora para outra” -, a realidade da satisfação Vicária que Cristo realmente realizou na Cruz, aplacando a Justiça Divina. O esquema frisa ainda a justa pena merecida pelos nossos pecados[32], afirmando que são realmente uma injúria cometida contra Deus.

Como exposto acima, não se nota em nenhum momento a afirmação de que o mistério de Redenção engloba a ressureição de Nosso Senhor.

Quanto à natureza do Santo Sacrifício da missa, recorramos, antes de tudo, a três fontes (frisemos aqui o termo “REDENÇÃO”):

Concílio de Trento – sessão XXII:

“…este Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, embora por sua morte se havia de oferecer uma só vez ao Eterno Pai no altar da cruz, para nele obrar a Redenção eterna, contudo, já que pela morte não se devia extinguir o seu sacerdócio (Heb 7, 24. 27), na última ceia, na noite em que ia ser entregue, querendo deixar à Igreja, sua amada Esposa, como pede a natureza humana, um sacrifício visível [cân. l] que representasse o Sacrifício cruento a realizar uma só vez na Cruz, e para que a sua memória durasse até a consumação dos séculos e a sua salutar virtude fosse aplicada para remissão dos nossos pecados quotidianos…”;

Catecismo de São Pio X, Cap. V – 652:

“Que é, então, a Santa Missa?

A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz“;

Mediator Dei (Sobre a Sagrada Liturgia) de Pio XII:

“O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se  incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima”.

Quanto à sua natureza, o sacrifício da missa não engloba a ressureição de modo algum. Assim, o sacrifício da missa tem a estrutura essencial de sacrifício (assim como os sacrifícios do Antigo Testamento):

1) Oblação da vítima (ofertório);

2) Imolação (dupla consagração);

3) Consumação (comunhão). [33]

Guinada pós-conciliar

Creio que já tenha ficado claro o motivo pelo qual eu afirmei que aquela definição era demasiado ambígua, e, a meu ver, propensa a uma má compreensão do que seja a Santa Missa.

Como já foi dito anteriormente, não adentrarei em inúmeros pontos dos quais poderia falar ao tratar do assunto da Missa Nova (supressão da expressão mistérium fidei do canôn, a suposta continuidade orgânica entre o culto judaico e a missa, equiparação da mesa da palavra com a mesa da eucaristia pela nova teologia, o Versus Populi, a supressão de inúmeras orações e gestos, a atenuação da distinção entre sacerdote e leigo, a dilatação da noção de sacramento como signos eficazes da graça estendendo-o a Cristo e a Igreja, etc.). Irei me restringir a apontar (não explicar até a exaustão, o que é impossível para um breve artigo) a mudança brusca na compreensão do mistério da Redenção, devido a essa nova doutrina do “Mistério Pascal”.

Com efeito, lê-se na Sacrosanctum Concilium, em seu parágrafo 47:

“O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressureição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura”.

Lemos ainda no mesmo documento, p.5:

“Esta obra da Redenção dos homens e da glorificação perfeita de Deus, prefigurada pelas suas grandes obras no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo Mistério Pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressureição dos mortos e gloriosa Ascensão, em que «morrendo destruiu a nossa morte e ressurgindo restaurou a nossa vida». Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja”.

É bem verdade que os teólogos que influenciaram a confecção dos documentos tinham grande interesse em atenuar os pontos centrais do dogma da Redenção, que se reduzem a dois: a satisfação Vicária de Cristo e a natureza do Sacrifício Eucarístico. Os documentos do Concílio, no entanto, por vezes se calam quanto a estes pontos, ou os expressa de modo ambíguo, ou ainda, propendem a uma má compreensão sobre esse ponto. Ora se afirma a doutrina de sempre, ora se omite um ou outro ponto; ora introduz uma nova noção, ora introduz definições imprecisas. Os documentos do Concílio não caíram de paraquedas nas mãos dos Padres Conciliares; aqueles mesmos teólogos que influenciaram os documentos, foram os que buscaram colocar em prática no período pós-concílio. Ademais, há pontos expressos nos documentos do CVII, ou posteriores, que somente podemos entender com a luz dada pelas obras destes neoteólogos (tal é a noção de Mistério Pascal).

Conclusão

Intencionalmente foram dados certos apontamentos que necessitariam ser aprofundados, portanto, aconselho que leiam o artigo “El Mistério Pascal”, do Padre Álvaro Calderón, e ouçam os dois excelentes podcasts do Professor Carlos Nougué: “A Missa Nova e o Mistério Pascal”, presentes no canal do Tradtalk, no Youtube.

Que Nosso Senhor sempre nos auxilie em nosso empenho por travar o bom combate pela Tradição Católica e pela Missa de sempre; e que a Santíssima Virgem se coloque sempre em nosso favor.

Viva Jesus e Maria!

[1] “Súscipe, sancta Trínitas, hanc oblatiónem, quam tibi offérimus ob memóriam passiónis, resurrectíonis, et ascensíonis Jesu Christi, Dómini nostri (…) – Missale Romanum, 1962”.

[2] “Múnera nostra, quǽsumus, Dómine, Nativitátis hodiérnæ mystériis apta provéniant, et pacem nobis semper infúndant: ut, sicut homo génitus idem refúlsit et Deus, sic nobis hæc terréna substántia cónferat, quod divínum est. Per eúndem D.N” – Missale Romanum, 1962.

[3] Hujus nos, Dómine, sacraménti semper nóvitas natális instáuret: cujus Natívitas singuláris humánam réppulit vetustátem. Per eúndem D.N” – Missale Romanum, 1962.

[4] “O resultado deste processo de historicização e da conseguinte expansão da celebração pascal foi a fragmentação do mistério de Cristo em momentos e festas diversas considerados como episódios e momentos autônomos do único mistério. De todo modo, isso sucederá fora da época patrística, que, em seu conjunto, não perde quase nunca de vista a unidade do mistério, e mantém o equilíbrio entre os distintos elementos. Em todo caso, tudo isso repercutiu na perda de intensidade da vigília e na fragmentação do mistério pascal… Corresponderá ao movimento litúrgico, que desembocará no Vaticano II, recompor a unidade do mistério pascal” – Pietro SORCI OFM, Misterio Pascual, págs. 1358 b.

[5] “O fim da reforma dos ritos é a promoção de uma ação pastoral cujo cume e fonte é a liturgia e vivência do mistério Pascal de Cristo” – Liturgicae Instaurationes, Sagrada Congregação para o Culto Divino, 5 de setembro de 1970.

[6] Nos fundamentaremos essencialmente no estudo sobre ‘El Misterio Pascual’ realizado pelo Padre Álvaro Calderón. Estudo não publicado oficialmente. Também não pretendemos apresentar todo o vasto conteúdo exposto no artigo, mas esboçar resumidamente uma das faces da nova mudança doutrinal.

[7] “A contribuição principal para o redescobrimento do sentido autêntico da Páscoa foi levada a cabo por Odo Casel” – Gaillard, El Misterio Pascual en la renovación litúrgica, pág. 50.

[8] Sua doutrina é muito próxima da doutrina Luterana, embora Casel apresente uma noção distinta, e, de todo modo, já condenada no Concílio de Trento.

[9] Cf. Filthaut, Teología de los Misterios, pág. 25-27 (citações são das obras de Casel).

[10] Nota-se, a todo momento, um desprezo pelo magistério autêntico, e pelo crescimento na elaboração doutrinal dos séculos de cristianismo.

[11] “O sacramento ‘representa’ o ato Salvador de Cristo o fazendo eficazmente presente, não de modo intencional, mas objetivo” – Cf. Filthaut, Teología de los Misterios, pág. 105,107.

[12] “Portanto, a liturgia é uma recordação real, e não somente intencional; objetiva, não só subjetiva. Em resumo, é uma recordação pletórica da realidade” – Teología de los mistérios, pág. 116.

[13] Casel, ‘El Misterio del Culto Cristiano: “O cristão em seu alcance pleno e primordial – como o “Evangelho de Deus” ou “De Cristo” -, não é, por consequência, nem uma filosofia com fundo religioso, nem tampouco um sistema de doutrina religiosa ou teológica ou um código moral, mas o “Mysterium” no sentido paulino, ou seja, uma revelação de Deus à humanidade por meio das ações ‘teândricas’, pletóricas da vida e ricas em vigor. O trânsito vivo da humanidade à Divindade, só é possível por esta revelação e comunicação da graça” (pág 56).

[14] Filthaut, Teología de los Misterios, págs. 116-117.

[15] “O sagrado Concílio Vaticano II – afirma Paulo VI – nos ensinou claramente que a celebração do mistério pascal tem sua máxima importância no culto cristão, e que se explicita com o decorrer dos dias, das semanas e no curso de todo o ano” – Motu Proprio Mysterii paschalis, 14 de fevereiro de 1969, pelo qual aprova o Calendário Romano geral, introdução.

[16] Nicolas, Synthèse dogmatique, pág. 630.

[17] Vagaggini, Ideas fundamentales de la constitución, págs. 158-161.

[18] Vagaggini, El sentido teológico de la liturgia, 2ª edição, pág. 238.

[19] “Este mistério é tão misterioso que não pode ser definido, a menos que queiramos esvaziar esta expressão de todo o seu conteúdo” – Aimon Marie Roguet, OP – Qué es el Misterio Pascual (Parte introdutória).

[20] “A festa da Páscoa é sempre a festa das festas, ou seja, a que celebra a totalidade do mistério cristão, que só pouco a pouco foi ficando cunhada na diversidade das festas particulares: Natividade, Epifania, Ascensão, Pentecostes” – Roguet, Qué es el Misterio Pascual, pág. 23

[21] “Quando se passa da redenção ao mistério Pascal, o acento se modifica completamente. Quem fala de redenção pensa em primeiro lugar na ressureição como em um complemento. Quem fala da Páscoa pensa em primeiro lugar em Cristo ressuscitado. A ressureição não aparece, portanto, como um epílogo, mas como o término e o fim em que se resume o mistério salvador” – Aimon Marie Roguet OP, Qué es el Misterio Pascual, pág. 21

[22] “Com relação às tensões entre teólogos e Magistério, a Comissão Teológica Internacional, em sua tese 9, se expressou assim em 1975: “Onde há verdadeira vida, ali também há tensão. Não uma inimizade, nem verdadeira oposição, mas sim uma força vital e um estímulo para desenvolver comunitariamente e de modo dialógico o ofício próprio de cada um”

[23] “Talvez se trate de recuperar, em nome de uma nova evangelização, essa capacidade de síntese, da qual laboriosamente nasceram, na real comunhão e colaboração entre Magistério e teologia, os documentos do Concílio Vaticano II” – Rosino Gibellini, diretor da revista Concilium.

[24] “A finalidade principal deste Concílio não é, portanto, a discussão de um ou outro tema da doutrina fundamental da Igreja, repetindo e proclamando o ensino dos Padres e dos Teólogos antigos e modernos, que se supõe sempre bem presente e familiar ao nosso espírito. Para isto, não haveria a necessidade de um Concílio. Mas da renovada, serena e tranquila adesão a todo o ensino da Igreja, na sua integridade e exatidão, como ainda brilha nas Atas Conciliares desde Trento até ao Vaticano I, o espírito cristão, católico e apostólico do mundo inteiro espera um progresso na penetração doutrinal e na formação das consciências; é necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e exposta de forma a responder às exigências do nosso tempo. Uma coisa é a substância do « depositum fidei », isto é, as verdades contidas na nossa doutrina, e outra é a formulação com que são enunciadas, conservando-lhes, contudo, o mesmo sentido e o mesmo alcance. Será preciso atribuir muita importância a esta forma e, se necessário, insistir com paciência, na sua elaboração; e dever-se-á usar a maneira de apresentar as coisas que mais corresponda ao magistério, cujo caráter é prevalentemente pastoral.” – Discurso do Papa João XXIII na abertura do Concílio Vaticano II, 11 de outubro de 1962.

[25] A expressão “mistério pascal” aparece algumas poucas vezes nos santos padres, e com maior frequência, ainda que no plural, nos antigos sacramentários: “paschalia mysteria, paschalia sacramenta” (Secreta da noite, dia e segunda feria de Páscoa). O único caso em que se encontra no singular é o da 3ª coleta depois da comunhão da sexta-feira santa, no novo Ordo da Semana Santa de 1956: “…famulos tuos aeterna protectione sanctifica, pro quibus Christus, Filius tuus, per suum cruorem, instituit paschale mysterium” – esta oração era uma coleta da segunda-feira santa no sacramento gelasiano antigo -. Ainda que pareça, no entanto, até o século vinte não se encontra sendo utilizada entre os teólogos e autores eclesiásticos com nenhum significado especial” – Pe. Álvaro Calderón, El mistério Pascual.

[26] Mons. Bugnini confessa que para os redatores da constituição sobre a liturgia do Concilio Vaticano II o Mistério Pascal foi o primeiro de seus princípios orientativos: “A liturgia tem como centro a Cristo, o qual pela Sua morte e ressureição, passando deste mundo ao Pai, se fez o Senhor, doador da vida. É a Páscoa de Cristo que, vivendo no sacramento da Igreja, chegou a ser mistério do culto, em cuja celebração se continua no tempo e “se faz presente a vitória e triunfo de sua morte”. Assim, toda liturgia não é outra coisa que a celebração, sob aspectos e modos distintos, do Mistério Pascal… O Mistério Pascal, pois, retorna ao centro de toda liturgia” – Annibale Bugnini, La Reforma de la Liturgia, pág. 35

[27] “O que caracteriza o Mistério Pascal, em sua contraposição a essa divisão entre Paixão e Ressureição (que se pode rechaçar inclusive a Santo Tomás de Aquino), é sua unidade dinâmica, esse enlace essencial que põe entre a Morte e Vida, Paixão e Ressureição” – Roguet, Qué es el Misterio Pascual, pág. 20

[28] “Seria necessário prestar uma certa atenção ao debate intra-cristão sobre a Redenção e especialmente a questão de como o sofrimento e a morte de Cristo estão em conexão com a consecução da redenção do mundo. A importância desta questão cresceu hoje em muitos ambientes pela percepção da inadequação – ou, pelo menos, pela percepção da abertura a sérios e perigosos mal-entendidos – de certos modos tradicionais de compreender a obra da redenção de Cristo em termos de compensação ou castigo por nossos pecados” – Comissão Teológica Internacional, questões seletas sobre Deus Redentor, pág. 511.

[29] “A morte de Jesus não é o ato de um Deus cruel que exige o sacrifício supremo; não é recompra de um poder alienante que fez escravos. É o tempo e o lugar em que Deus, que é amo e que nos ama, se faz visível. Jesus crucificado proclama o muito que Deus nos ama, e afirma que, neste gesto de amor, um ser humano deu um assentimento incondicional aos caminhos de Deus” – CTI, Questões seletas sobre Cristo Redentor, pág. 515

[30] Como diz J. Rivière, grande especialista na história do dogma da Redenção: “Mérito e Satisfação de Cristo abarcam mais que teorias de escola ou de teses recebidas: a ideia fundamental implicada nestes termos pertence à fórmula da Fé Católica para expressar a Obra de Redenção sobrenatural eminentemente realizada pelo sacrifício da Cruz” – Artículo Rédemption, en DTC, col. 1920

[31] Questão 48 da III parte.

[32] “Pelo qual este Santo Concílio, tomando à luz da doutrina da Redenção humana das puríssimas fontes da revelação Divina à luz do perene Magistério da Igreja, rechaça as opiniões daqueles que, estimando falsamente que o pecado não comete contra Deus nada que mereça verdadeiro nome de ofensa, se atrevem a afirmar  que o sacrifício de Cristo na Cruz teve somente valor e eficácia de exemplo, mérito e libertação, mas não de  verdadeira e propriamente dita satisfação pelos crimes dos homens, como se isso repugnasse com a justiça Divina, quando pelo contrário responde de modo sumo tanto à misericordia como à justiça do eterno Pai” – Schema constitutionis dogmaticae De deposito Fidei pure custodiendo, caput X; no : “Sacrosanctum Oecumenicum Concilium Vaticanum secundum : Schemata Constitutionum et Decretorum, de quibus disceptabitur in Concilii sessionibus”, series prima, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXII, págs. 65-69.

[33] Verificar o esquema ‘El Problema de la Reforma Litúrgica la Misa de Pablo VI y de Vaticano II – Estudio Teológico y Litúrgico’ – Padre Alvaro Calderón y Padre Jesús Mestre ROC. Esquema de pouco mais de trinta páginas que apresenta um estudo sobre a liturgia tradicional, equiparando-a com o NOM.

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