História

A GUERRA CIVIL ESPANHOLA

Desde o século XIX, começou a haver na Espanha unia grande divisão. De um lado, os partidários da Espanha Católica tradicional, fiel às raízes desse país, e de outro, uma Espanha liberal, revolucionária, anti-católica.

Em 1931, o rei Afonso XIII renuncia ao trono e é proclamada a República, que assume caráter anti-católico. Frase do primeiro ministro Azara resume isso: “A Espanha deixou de ser católica”. Os acontecimentos mais adiante narrados mostrarão que ele estava errado, mas logo começou urna onda de atentados, incêndios, contra igrejas católicas.

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Em 1936 ocorre o “Alzamiento” que foi o levante das forças pró-Espanha Tradicional Católica contra a República socialista, comunista. liberal e anti-católica.

Foram três anos de luta sangrenta, após os quais triunfaram as forças pró Espanha de sempre.

Aqui gostaríamos de narrar alguns fatos que mostram de um lado, o ódio à Fé por parte dos comuno-republicanos, e de outro, um heroísmo imenso da parte dos mártires católicos de então.

A EPOPÉIA DO ALCÁCER DE TOLEDO

Em 18 de julho de 1936 começa a Guerra Civil.

Na cidade de Toledo, o Coronel Moscardó, comandante da Academia Militar, toma a iniciativa e ocupa o Alcácer, aonde funcionava a Academia, seguido de sua tropa, de alguns civis particularmente ameaçados e das famílias dos guardas. Sua esposa dona Maria e os dois filhos não puderam acompanhá-lo pois estavam em outra região. Sede da Escola de Cadetes, o Alcacer, de difícil acesso, verdadeiro labirinto de salas e quartos, de galerias subterrâneas, parece ser, para Moscardó, o local ideal para conduzir a luta e livrar seus compatriotas da fúria dos comunistas.

Com quase 60 anos, Moscardó ainda conserva todo o ardor da juventude. Homem simples, íntegro, alma de militar e católico fervoroso, não admite que se falte com a honra nem com a disciplina.

Seu primeiro cuidado foi o de organizar a defesa do Alcacer. Por uma ação providencial, o governo (Madrid) havia expedido um estoque de armas e de remédios para Toledo. São transferidos para o Alcacer um milhão e trezentos mil cartuchos, mil e duzentos fuzis, trinta e oito metralhadoras e um morteiro. Trigo e conservas completam o aprovisionamento.

Tomadas essas providências, Moscardó passa a cuidar do preparo da sua pequena milícia, que compreende mais ou menos: 600 guardas civis, 200 cadetes e alunos da Escola de Ginástica, 160 oficiais, 85 falangistas, 2 médicos e 1 cirurgião. Como elemento civil haviam mais de 600 mulheres e crianças, 3 freiras e sua superiora Madre Josefa.

Ao todo, quase 2 mil pessoas, cercadas por 10 mil comunistas poderosamente armados.

Escolha cruel

Algumas das características mais marcantes desses dias atrozes são a confiança, coragem e bom-humor constantes. Vive-se com dificuldade na semi-escuridão, pois a eletricidade foi cortada. A única claridade vem de tochas embebidas com a gordura dos cavalos abatidos. Falta tudo, talheres, cobertores… Os únicos contatos com o exterior são os apelos telefônicos dos chefes republicanos e um pequeno posto de rádio onde se misturam informações mentirosas e humilhantes partindo de Madrid e vozes reconfortantes dos franquistas.

Pouco importa! Tinham decidido resistir e manteriam a palavra!

Convencidos de que a resistência do Alcacer não duraria, os republicanos não o atacam imediatamente. Dão alguns tiros e lançam algumas bombas de fraco impacto.

Por que haveriam de se expor se possuíam armas mais preciosas do que os fuzis e canhões? Tinham prendido dona Maria e seus filhos e resolvem usá-los como reféns.

No dia 23 de julho, Moscardó está em reunião cone os oficiais, quando toca o telefone. O líder comunista Candido Cabello pergunta:

– Coronel, você está decida ao a abandonar o Alcacer?

– Eu estou decidido a permanecer aqui.

– Eu lhe dou 10 minutos para mudar de opinião. Esgotado esse prazo, vamos agir. Mas, antes, vou passar o telefone para outra pessoa. Aguarde na linha.

Uma voz diferente ressoa no aparelho: voz jovem e vibrante. Moscardó reconhece seu filho Luis.

Papai, os milicianos me prenderam. Dizem que me matarão se recusares a atendê-los. Já sei qual é vossa resposta, mas quero ouvi-la diretamente do Sr.. Fale e obedecerei. O que devo fazer?

Com a mão agarrada no aparelho e a voz estrangulada pela emoção, mas num tom calmo, refletido, e, ao mesmo tempo como chefe militar e como pai, Moscardó pronuncia:

Encomende a tua alma a Deus, peça-lhe a coragem necessária. E que seu último grito seja: Viva Cristo Rei, Viva a Espanha e morra como um homem!

– Não temas nada! Um grande abraço, papai!

– Um grande abraço, meu filho!

Silêncio. Moscardó continua: – Candido Cabello, pode esquecer o prazo que me destes. O Alcacer jamais se renderá!

Com um grande sinal da Cruz, o Coronel deixa o telefone, reocupa lentamente o seu lugar na mesa de reunião e ordena:

– Prossigamos! Dizíamos então, que…

No dia 25 de julho, seu filho é fuzilado.

Carlos V sempre de pé

A luta aumenta. A intensidade do fogo da artilharia dos vermelhos faz ampliar as brechas na muralha do Alcacer. Apesar disso, os bravos combatentes do Alcacer não se entregam. Às vezes ocorre uma breve calmaria. O telefone chama e recomeça o inútil diálogo entre Moscardó e o chefe republicano.

Coronel, não me obrigue a destruir, seu nobre Alcacer.

– General, não me peça para desonrá-lo.

Para o mundo, o Alcacer tinha se transformado no símbolo da luta entre as duas Espanhas.

No pátio central, a grande estátua de Carlos V, mutilada pelos tiros das metralhadoras, permanece de pé.

Diante de tanta resolução, os republicanos resolvem empregar a falsa informação para perturbá-los. Em 29 de julho, a rádio Madrid anuncia a rendição do Alcacer. Essa afirmação, logo desmentida pelos franquistas e pelas agências do exterior, só faz reforçar em Moscardó a disposição de resistir.

Os vermelhos intensificam os bombardeios. A média de obuses chega a atingir 487.

Privados de padres, os sitiados se reúnem na capela para rezar à Santíssima Virgem e suas invocações terminam com essas palavras:

Se morrermos, será apenas nós, mas o que cremos não morre!

Nos terríveis meses de agosto e setembro multiplicam-se os atos de coragem. Ora é o capitão Luis Alba, encarregado de fazer a ligação com tropas nacionalistas, que sai disfarçado, atravessa o rio Tejo a nados, mas é descoberto, preso pelos vermelhos, recusa-se a falar sob tortura e é fuzilado. Ora é um Antonio Rivera indo buscar sob fogo cerrado, uma metralhadora que caiu da muralha, ora é o lugar-tenente Gomes oliveiras, arrancando, de um canto da esplanada, a bandeira comunista colocada por um miliciano e substituindo-a pela da velha e católica Espanha.

Não menos heróica é a sublime resignação dos 430 feridos. Com poucos remédios, a maioria das cirurgias tem de ser feitas sem anestesia.

Rivera, cuja ferida requer a amputação de um braço, rejeita o vidro que ainda contém um pouquinho de clorofórmio.

– Guarde-o, diz ele, vocês poderão precisar para atender alguma mulher ou criança.

Sorrisos no meie da tempestade

Digno de nota, também, foram os esforços de Moscardó e de seus oficiais para sustentar o moral da tropa. Numa cidadela meio demolida, onde tini pedaço de muralha ou um teto poderiam desabar a qualquer momento, intrépidos datilógrafos redigem o jornal dos sitiados: o El Alcazar.

Eram simples folhas contendo tudo o que poderia interessar ou distrair os leitores: reprodução de comunicados radiofônicos, lista de mortos e feridos, notícias da atividade interior, anúncios, ditos populares… Hoje, isso pode soar como ingenuidade, mas que grandeza adquirem, à distancia, esses sorrisos no meio da tormenta, esse desafio ao perigo!

Em 14 de agosto, o El Alcazar publica a programação do dia seguinte, festa da Assunção de Nossa Senhora. E no dia 15, depois das preces, no abrigo subterrâneo, sempre com pouca iluminação, as crianças podem aplaudir os cadetes trapezistas e os apresentadores de monólogo, acompanhados com o som de tradicionais guitarras. Lá fora, metralhadoras e canhões, rugem.

Em Toledo, os republicanos começam, a ficai inquietos. “Assim, eles não se entregam nunca .

As notícias de outras partes do front são alarmantes. Em 18 de agosto, a radio franquista anuncia uma vitória em Maiorca, no dia 20, os exércitos do Norte avançam sobre Irun, no 21, um desastre dos vermelhos em Calzada de Oropesa favorece o avanço da coluna Yagüe sobre Toledo!

Com efeito, a repercussão internacional da resistência no Alcacer tinha incitado Franco a retomar a ofensiva contra Madrid, para apressar a libertação dos sitiados.

Rompendo as barreiras, aviões começam a despejar no Afcacer caixas com conservas, leite condensado e panfletos assinados por Franco:

Vencedores de todas as frentes, voamos para a vitória. Resistam a qualquer custo. Viva a Espanha!

Único pedido: um padre

Como a força se mostrava incapaz, os vermelhos resolvem empregar a astúcia para obter a rendição, ou pelo menos uma evacuação parcial do Alcacer.

Em 9 de setembro, propõem a Moscardó para receber um emissário incumbido de tratar do problema das mulheres e crianças. Escolhem para essa função, um antigo ajudante de Moscardó, da Escola de Ginástica. Ao que Moscardó responde:

– Receberei o comandante Rojo de acordo com as leis de guerra, com a condição de, durante sua visita, ser respeitada a trégua. Ao primeiro movimento de vossas tropas, mandarei abrir fogo!

No dia 10 de setembro, Rojo se apresenta na entrada do Alcacer, um falangista coloca-lhe uma venda nos olhos e o conduz até Moscardó. Retiram a venda, ele senta-se e a conversação começa.

Entretanto, desde o início Moscardó se mostrará irredutível. Desconfiando das intenções humanitárias dos vermelhos ele manda avisar que o Alcacer jamais se renderá.

Ao retornar, os comunistas perguntam a Rojo:

– Ele não vos fez nenhum pedido?

– Sim, diz Rojo, eles solicitam um padre!

– Ah, um padre? Por que não? Diz Candido Cabello.

Um padre talvez pudesse ser mais hábil do que Rojo. Escolhem então, D. Enrique Vasquez Camarasa, cônego da Catedral de Madrid.

A missa de D. Enrique

No dia 11 de setembro, ele se apresenta na entrada da esplanada do Alcacer. Está em traje civil e carrega, numa das mãos, uma maleta com os objetos da celebração da missa, e na outra um grande crucifixo. Moscardó inclina-se respeitosamente à sua aproximação.

O prazo da permanência de D. Enrique no Alcacer não deverá ultrapassar três horas.

A missa começa logo, fazendo lembrar um pouco a dos primeiros cristãos nas catacumbas.

Da capela, D. Enrique se dirige rara a enfermaria, dá a absolvição geral aos feridos e ministra-lhes os Sacramentos.

Antes de partir, ele reitera a Moscardó os pedidos feitos por Rojo sobre a situação das mulheres e crianças.

– Meu padre, diz Moscardó, eu comando meus soldados, não as mulheres. Pergunte a elas. A decisão é delas.

D. Enrique volta-se para um grupo de mulheres e lhes coloca o problema. A resposta é unânime:

Nós jamais abandonaremos nossos maridos. Lutaremos e morreremos com eles, se for preciso. Somente abandonaremos o Alcacer após a vitória!

Os dias seguintes são os mais trágicos vividos no Alcacer. Ao barulho dos canhões e das explosões se junta agora o ruído ensurdecedor das escavadeiras penetrando no solo. Especialistas vindos das Astúrias, preparam uma mina para mandar o Alcacer pelos ares.

Dias de angústia, mas também de esperança. As colunas franquistas se aproximam de Toledo.

 

O último assalto

Os defensores colocam na sala central do Alcacer a imagem de São José.

Durante 48 horas (16 a 18 de setembro) prossegue o pavoroso ruído das escavações. A qualquer momento poderia ocorrer a explosão. E no dia 18, ás 7 horas, acontece uma formidável detonação que sacode o edifício. A grande torre sudoeste desaba, a fachada oeste é pulverizada, deixando destruídas as suas dependências.

Felizmente, a bomba causa poucas perdas entre os combatentes, e nenhuma, entre os civis.

Ao mesmo tempo, os vermelhos dão inicio ao assalto. Sobem em grupos compactos. Sapadores especializados apontam lança-chamas para as ruínas fumegantes para completar a destruição com o incêndio. Avançam cantando vitória, imaginando que não iriam encontrar viva alma entre os escombros.

De repente, o imprevisível acontece. Desse Alcacer que acreditavam ter se transformado num cemitério, saltam, de todas as aberturas, uni batalhão de espectros esfarrapados, animados de uma força que surge, às vezes, depois de um longo sofrimento. Seu fogo ceifa as fileiras dos vermelhos. O combate é breve e horrível. Mas o assalto é repelido em todos os lados.

Ao mesmo tempo, o exército franquista mantém Toledo sob fogo. Temendo ficar encurralado entre dois fogos, o exercito republicano começa a abandonar a cidade para garantir, mais ao norte, a defesa de Madrid.

A partir desse momento, o Alcacer passa a conhecer uma certa calmaria. Ainda ocorrem alguns tiros e explosões isoladas. No dia 26 de setembro reina um estranho silêncio quebrado por tiros na margem do Tejo, que cessam completamente no fim do dia 27. À noite, surge, nas imediações do Alcacer, as silhuetas dos soldados da coluna Yagüe.

Nada de novo, meu general

No dia seguinte, bem cedo, o general Varela é aplaudido pelos combatentes, no pátio do Alcacer. Varela avança para abraçar Moscardó. Este, também se aproxima, e pára a três passos de seu chefe. Presta continência e anuncia relembrando a expressão convencional dos insurgentes do 18 de julho:

En el Alcazar, sin novedad, mi general. (No Alcacer, nada de novo, meu general). Tudo está destruído menos a honra.

Um toque de clarim faz lembrar os mortos. Ao todo foram 82 mortos e 430 feridos, em 68 dias de cerco. Por outro lado, o Alcacer registrou dois nascimentos: o filho do lugar-tenente Rodrigues que recebe como sobrenome Alcazar Restituto, e a filha de um guarda civil, vinda ao mundo na trágica jornada de 18 de setembro (dia da explosão da mina) e recebe o nome por reconhecimento, de Josefa del Milagro.

A vitória do Alcacer foi apenas um episódio dessa longa guerra civil, e o mais impressionante de todos.

Moscardó ainda viveria 20 anos depois desta façanha. General do exército de Aragão, depois adido militar de Franco e capitão geral da Andaluzia, em 1946. É nomeado conde do Alcacer em 1948, e vem a falecer em 1956. Seus restos repousam na cidadela restaurada (Toledo) no mesmo túmulo em que jaz seu filho, Luis, primeiro herói do Alcacer.

Fonte
Rev. Historia Hors Serie no. 22

Um Comentário

  1. Tenho 70 anos de idade e li sobre os “Heróis do Alcacer de Toledo” e seu grande herói, capitão Moscadó na minha juventude, e na ocasião o relato impressionou-me bastante.Posteriormente, devido às circunstacias da vida nunca mais ouvi ou li sobre o assunto.Mas o nome do capitão Moscadó e sua história permaneceram em minha memoria.Agora graças ao milagre da internet, pude reviver aquelas emoções. Deus os abençoe!!!!

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